segunda-feira, novembro 29, 2010

Fluminense põe a mão na taça, mas Corinthians e Cruzeiro ainda sonham

Basta uma vitória no último jogo para o Fluminense comemorar um título que não ganha desde 1984. E essa última partida é diante da própria torcida, no Engenhão, contra o Guarani, que teve seu rebaixamento selado neste domingo por uma derrota para o Grêmio, lá mesmo em Campinas, por 3 a 0. É uma "decisão" desigual, um Davi x Golias, mas qualquer bobeada pode ser fatal. Porque o Corinthians venceu o Vasco por 2 a 0 no Pacaembu, manteve-se um pontinho atrás do líder, e faz seu derradeiro confronto contra um também rebaixado e cheio de reservas Goiás (que tem as atenções totalmente voltadas para a decisão da Copa Sul-Americana contra o Independiente). Até mesmo o Cruzeiro ainda pode sonhar com o título: depois de vencer o Flamengo por 2 a 1 em Volta Redonda, está um pontinho atrás do vice-líder (a dois do Flu), e enfrenta o desinteressado Palmeiras na Arena do Jacaré no próximo domingo.

Antes desta penúltima rodada, um dirigente palestrino chegou ao absurdo de sugerir que o time perdesse do Flu por W. O. para não beneficiar o rival Corinthians. Mas o Verdão entrou em campo para enfrentar o líder do campeonato com uma formação digna, com nove titulares. A mesma Arena Barueri que na rodada passada havia visto torcedores do São Paulo vibrando com um gol sofrido pelo time assistiu a novas cenas bizarras. A pior delas: o goleiro Deola sendo vaiado e alvejado por torcedores do próprio time com copos de plástico. Seu pecado? Defender algumas bolas difíceis. Irritado com as pressões para não ajudar o rival Corinthians, o técnico Felipão tinha anunciado, antes do jogo:

- Atitude anormal é coisa de cafajeste, e nós não somos - rugiu o técnico.

Aí a bola rolou e, se houve alguém entregando, foi o zagueiro Leandro Euzébio, do Fluminense. Com quatro minutos de jogo, matou erradamente uma bola fácil, oferecendo-a ao atacante Dinei, que, em atitude que alguns gozadores podem classificar como anormal, acertou um belíssimo chute em curva. Golaço, que lhe valeu ofensas imediatas da torcida palmeirense.

- Ei, Dinei, vai tomar no c...! Ei, Felipão, vai tomar no c...! - explodiu o coro, em Barueri.

Depois do gol, o Palmeiras pouco ameaçou. E aos 18 minutos, Carlinhos foi chegando, chegando, sem receber combate, e empatou o jogo. Daí até o fim do primeiro tempo, o Flu duelou basicamente contra seu próprio nervosismo, precipitando-se na conclusão de jogadas e sem saber aproveitar os espaços generosos oferecidos pela defesa alviverde. Fred perdeu pelo menos um gol feito daqueles "imperdoáveis" (veja abaixo: O gol mais perdido da rodada) - à imagem e semelhança das perebadas que seu companheiro Washington tem protagonizado.

Coube afinal, ao reserva Tartá marcar o gol da vitória. Ele estava ali por acidente - entrara no lugar de Deco, machucado em um choque aéreo no final do primeiro tempo. Aos 13 do segundo tempo, o jovem atacante aproveitou um rebote do perseguido Deola, limpou e mandou no cantinho. Daí para frente, todos pareceram se dar por satisfeitos - os dois times e as duas torcidas - e o tempo custou a passar até o apito final. Quem não gostou nadinha foi o técnico Felipão:

- Hoje, em Barueri, não vi a torcida do Palmeiras. Vi a torcida do Fluminense. Me desculpem, mas isso não é futebol - reclamou o treinador.

No Pacaembu, a Fiel comemorou o gol de Dinei freneticamente. Mas o time jogava pouco, e só conseguiu marcar aos 39 minutos do primeiro tempo, em um lance de muita sorte e também com toques de bizarria: Bruno César cobrou falta, a bola bateu no zagueiro Dedé veloz como um ricochete de pinball, e entrou por debaixo das pernas do goleiro Fernando Prass. No segundo tempo, diante de um Vasco catatônico de tão desinteressado, Danilo ampliou para 2 a 0. Foi futebol, mas pouco futebol.

O Cruzeiro, outro candidato ao título, também não foi muito superior ao Flamengo em Volta Redonda. Saiu perdendo, graças a um gol de Diego Maurício aos 9 minutos, e só empatou em lance de sorte - Roger cobrou falta, a bola desviou em Ronaldo Angelim e entrou. No segundo tempo, os rubro-negros tiveram chance para desempatar e reclamaram a não-marcação de um pênalti, mas viram Montillo carnavalizar pela direita e cruzar para Thiago Ribeiro selar a virada, aos 23 minutos. Mesmo perdendo por 2 a 1, a torcida do Flamengo respirou aliviada: pela conjunção de resultados, o time livrou-se da ameaça de rebaixamento. Um "feito" constrangedor para o atual campeão brasileiro.

Caio, do Avaí, rouba o dia de Neymar

Galo e Avaí também garantiram a permanência na Série A, mas pelos próprios méritos. No caso do Atlético-MG, valeu festa, sim. Dezessete mil torcedores vibraram com o 3 a 1 no Goiás, na Arena da Jacaré - alívio final após intermináveis 25 rodadas atolado na zona da degola.

Na Ressacada, o time catarinense enfrentou o Santos em tarde inspirada de Neymar, que chegou a botar o Peixe em vantagem de 2 a 0. Mas o Leão tinha Caio em dia de melhor em campo: o meia marcou três gols - o primeiro, depois de passar por meio time adversário - e o terceiro, o da virada, com um lindo chute no ângulo.

Na última rodada, duas "finalíssimas"

Já o Guarani teve seu passaporte para a série B selado pelo Grêmio e sua impressionante regularidade no segundo turno. Diante de cerca de 5 mil abnegados, no estádio Brinco de Ouro da Princesa, a equipe treinada por Renato Portaluppi não tomou conhecimento do Bugre e sapecou um confortável 3 a 0. Agora basta empatar com o Botafogo no Olímpico para ficar pertinho da cobiçada vaga na Libertadores (que ainda pode ir para o vinagre caso o Goiás seja campeão da Sul-Americana). Aos alvinegros cariocas, que venceram o Grêmio Prudente sem convencer (3 a 1 no Engenhão), resta tentar um dificilímo 'Olimpicazo'. O Atlético-PR, que também sonhava em disputar a principal competição do continente, viu seu sonho terminar em Fortaleza, após um indesejável empate com o Ceará.

A última rodada vai definir também a derradeira e indesejada vaga na Série B: Vitória e Atletico-GO farão no Barradão uma finalíssima. Os rubro-negros baianos chegaram a sentir o gosto da vitória, mas acabaram trazendo do Beira-Rio apenas um empate, resultado que os deixa atrás dos rivais. O time goiano também teve chances de bater o São Paulo, mas se viu vítima de um pênalti meio "mandrake", convertido por Rogério Ceni. O 1 a 1 agora obriga o Dragão a sustentar um empate na "decisão".

Além de Grêmio x Botafogo e Atlético-GO x Vitória, a rodada final do Brasileirão reserva uma outra "final", Fluminense x Guarani, e, dependendo, mais duas (Goiás x Corinthians e Cruzeiro x Palmeiras). Em meio a polêmicas sobre "entrega" e comportamentos estranhos das torcidas, a fórmula dos pontos corridos está prometendo emoção até o fim. Afinal, a despeito da revolta de Felipão, isto é futebol, esse estranho esporte sempre a mercê do imponderável.


Seleção da rodada

Victor (Grêmio), Jonathan (Cruzeiro), Antônio Carlos (Botafogo), Rafael Santos (Atlético-PR) e Roberto Carlos (Corinthians); Jucilei (Corinthians), Caio (Avaí), Montillo (Cruzeiro) e Danilo (Corinthians); Diego (Grêmio) e Thiago Ribeiro (Cruzeiro). Técnico: Renato Gaúcho (Grêmio)

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