sábado, março 19, 2011

No 1º jogo sem Muricy, Flu perde do Boavista por 2 a 0 e vê crise aumentar

A palavra de ordem no Fluminense era vencer o Boavista, neste sábado, no Engenhão, pela quarta rodada da Taça Rio, para dar um tempo na crise agravada após a conturbada saída de Muricy Ramalho do comando tricolor, no último domingo. Mas na primeira partida sem o técnico campeão brasileiro, o time decepcionou a torcida. Apesar da posse de bola por mais tempo na partida, se mostrou apático, totalmente sem inspiração. O adversário da Região dos Lagos jogou estrategicamente nos erros, explorou bem o contra-ataque, a bola parada, e saiu do Engenhão com uma vitória por 2 a 0 - gols de Gustavo, de falta, e Max, no segundo tempo -, que só piorou a situação nas Laranjeiras.

Com o preparador físico Ronaldo Torres de técnico interino - a diretoria ainda não definiu o nome em uma lista que tem Levir Culpi como um dos favoritos -, o clube vive crise em ebulição às vésperas de jogo crucial na Libertadores. Na próxima quarta-feira, enfrenta pela quarta rodada o América do México, no Engenhão, precisando vencer para continuar com chances de passar à próxima fase. E o time saiu de campo neste sábado debaixo de vaias e gritos de "time sem-vergonha", especialmente o lateral Júlio César. Apenas o goleiro Ricardo Berna, melhor da equipe, o zagueiro Digão e o meia Conca escaparam da ira dos tricolores.

Pela Taça Rio, Fluminense e Boavista voltam a jogar no próximo fim de semana. No sábado, o time de Saquarema, que agora soma 9 pontos ganhos e assume até agora a liderança do Grupo A - o Flamengo, com 7, joga neste domingo contra o Cabofriense - enfrenta o Botafogo. No dia seguinte, o Tricolor, que se mantém com 8 pontos no Grupo B e caiu para o terceiro lugar, fora da zona de classificação para as semifinais - foi superado pelo Olaria, que derrotou o América -, enfrentará o Vasco, no Engenhão.

A última derrota do Fluminense diante de uma equipe considerada pequena foi na quarta rodada do Campeonato Carioca de 2009, quando perdeu para o Duque de Caxias por 3 a 2, em Xerém. Nos últimos 29 jogos diante de clubes de menor investimento, o Tricolor obteve 25 vitórias e quatro empates.

Início desanimador

O início de jogo já mostrava um quadro desanimador para o Fluminense. Disperso, o time viu o Boavista se aproveitar dos seus erros para criar logo um boa chance de gol. Erick Flores, aquele que não emplacou no Flamengo, rolou na medida para Frontini. O atacante, livre, bateu fraco, em cima de Ricardo Berna. O sinal amarelo piscou. Mas nem com o susto os tricolores despertaram. Ainda por cima, pouco depois perdiam Leandro Euzébio, machucado no joelho direito numa dividida. Ronaldo Torres lançou Digão.

Só aos 17 minutos o time acordou. E com uma bela jogada de Conca. O meia tricolor recebeu de Mariano pela direita e levantou de primeira para Rafael Moura. O atacante matou no peito e bateu com violência para boa defesa de Thiago, que mandou a escanteio. Foi o suficiente para o Boavista se encolher um pouco. O Flu começou a ganhar o meio de campo. Até Diguinho arriscou de longe. A bola quase enganou Thiago, que se esticou para salvar.

Apesar de ter mais posse de bola, o time não criava. Emerson e Rafael Moura pouco se entendiam. O meio-campo estava sem inspiração... E a bruxa, definitivamente, estava solta. Em dividida com Éverton Silva, Carlinhos levou a pior e saiu também por contusão - foi removido para um hospital com suspeita de fratura no tornozelo. Júlio César entrou. Com a opção de Fred no banco para entrar no segundo tempo, Ronaldo Torres já queimava duas substituições com 29 minutos.

Gol do Boavista

O enredo todo conspirava para aquele velho ditado - "não há nada que esteja ruim que não possa ficar pior" - retratar o primeiro tempo da partida. O time voltou a cair de rendimento. O Boavista crescia nos contra-ataques. Com um bom toque de bola, marcava bem na sua defesa e jogava nos erros do adversário.

O Alviverde chegou novamente com perigo à área tricolor. Erick Flores, "garçom" da primeira etapa, serviu Joílson na entrada da área. O meia arriscou. A bola raspou a trave direita de Ricardo Berna. O gol estava esquentando... E numa falta de longe, aos 37 minutos, Gustavo soltou bomba inacreditável no ângulo esquerdo de Ricardo Berna, que ainda voou de mão trocada mas nada pôde fazer: 1 a 0 Boavista.

Para sorte da torcida tricolor, André Luís ainda desperdiçou uma chance de ampliar o marcador para o adversário da Região dos Lagos. A derrota por 1 a 0 estava até de bom tamanho. Mas a má atuação e os inúmeros problemas na última semana irritaram tanto que os tricolores vaiaram, e muito, a equipe após o fim da primeira etapa.

Fred entra

A esperança era a entrada de Fred. O atacante entrou no segundo tempo no lugar de Rafael Moura. A equipe, mais ligada, partiu para o ataque. Mas dava sinais de nervosismo. Conca até errou a bola, na entrada da área. Fred, há um mês sem jogar, recebeu um cruzamento de Diogo e cabeceou mal.

Se o meia argentino aparecia mais na partida e o Flu partia com mais velocidade, o time deixava também mais espaços para os rápidos contra-ataques do Boavista, ora puxados por Erick Flores - que deixou André Luís na cara do gol, mas o atacante bateu por cima -, ora por Joílson - que em jogada individual aos 16 minutos entrou na área driblando e foi derrubado por trás por Digão, mas o árbitro não marcou o pênalti. Pouco antes, os tricolores haviam reclamado de empurrão do zagueiro Gustavo em Conca dentro da área.

Boavista amplia

A partida esquentou. Conca bateu com violência de fora da área, obrigando Thiago a boa defesa. Fred, livre, tocou por cima do gol, perdendo outra chance. Erick Flores respondeu com boa jogada individual. Entrou na área e colocou rasteiro à esquerda de Berna, que se esticou e fez boa defesa. Em outro contra-ataque, Max, que tinha entrado no lugar de Frontini, quase ampliou, mas a partida já estava paralisada, por falta marcada do ataque do Boavista.

E logo depois que Conca deu susto em Thiago ao bater de canhota de fora da área, veio o golpe de misericórdia. Em outra boa jogada de Joílson, um dos destaques da partida, Max recebeu livre pela direita e bateu com violência, sem defesa, aos 31, ampliando o placar para 2 a 0. Pouco depois, Tony ainda soltou um pertardo na trave, quase marcando o terceiro.

"Time sem-vergonha!" eram os gritos da torcida, que àquela altura vaiava todo o time e, especialmente, o lateral-esquerdo Júlio César, com atuação apagadíssima. No lance em que recebeu cartão amarelo, ainda teve de ouvir os próprios tricolores gritarem "expulsa" para o juiz. Apenas Conca, Berna e Digão se livraram das críticas. O único remédio é o time se redimir na próxima quarta-feira.

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