quarta-feira, março 16, 2011

Com lesão superada, Maurinho vive recomeço no Uberaba e sonha alto

Para quem quase teve de abandonar os gramados, estar em um clube de primeira divisão do estado de Minas Gerais como o Uberaba já é uma vitória para o lateral-direito Maurinho. Reconhecido por suas passagens em Santos e Cruzeiro, Maurinho teve sua carreira prejudicada por conta de graves e sucessivas lesões no joelho entre 2004 e 2006. Hoje, no interior mineiro, ele superou o momento difícil – garante não ter sofrido de depressão – e luta para retomar a velha forma que o tornou conhecido e até convocado para a Seleção Brasileira. Perto de casa, o lateral se sente mais forte. Ele é de Fernandópolis, cidade paulista na divisa com o Triângulo Mineiro.

Bastante tranquilo, Maurinho diz não guardar mágoas de ninguém. Nem do Cruzeiro, que o dispensou no início de 2009, nem do São Paulo, onde se tratou, mas foi pouco utilizado. Em compensação, as boas lembranças estão mais na Vila Belmiro. Em contato frequente com Elano, Maurinho já sonha até com um retorno à Baixada Santista.

Em conversa com o GLOBOESPORTE.COM, ele adiantou que quer primeiro mostrar contra o Palmeiras, nesta quarta-feira, no Uberabão, que ainda tem condições de jogar em um clube de alto nível. Depois, sim, sonhar alto. Para quem superou cinco lesões graves no joelho em dois anos, nada parece impossível.

GLOBOESPORTE.COM: Depois de passagens por clubes grandes, como você encara esse momento no Uberaba?

É um recomeço. Vim aqui para o Uberaba, mas acho que, a partir do momento em que você está determinado, tem condições de voltar para uma equipe grande. Estive em várias dessas equipes. Jogar futebol ninguém esquece, então vou procurar ficar bem fisicamente para que no segundo semestre a gente possa almejar um clube melhor.

Você cogitou a ideia de parar de jogar, mesmo depois de recuperado das cirurgias?

Depois que eu saí do Cruzeiro (início de 2009) fiquei seis meses parado. Aí, recebi uma proposta do Pelotas, joguei lá um ano, e depois recebi o convite do Uberaba. Já estava pensando em parar sim, tinha isso na minha cabeça. Mas aí pintou essa coisa do Pelotas por meio de um conhecido meu. Fui pra lá, tudo correu bem e eu vi que ainda dava para continuar jogando.

Pensou muito quando veio essa proposta ou aceitou logo de cara?

Pensei muito sim, conversei com a família, foi uma decisão difícil. Eles perguntaram se era isso mesmo que eu queria e eu disse que sim, então fui para o Pelotas. Foi um período bom, porque pude recuperar meu futebol e ainda fomos vice-campeões do segundo turno do Campeonato Gaúcho (em 2010, derrotado pelo Internacional). Ali eu vi que dava para seguir no futebol.

E essa sequência de lesões no joelho, como afetou sua vida?

Ao todo foram cinco lesões, entre 2004 e 2006, sempre no joelho direito. A primeira foi em 2004 no Cruzeiro, depois fui machucando outras vezes, e em 2006, no São Paulo, fiquei sabendo que eu estava com os ligamentos rompidos e teria de fazer uma cirurgia mais complicada. Talvez eu não pudesse voltar a jogar. Mas ainda bem que o São Paulo descobriu, operei, fiz o tratamento no Reffis e consegui me recuperar. Tenho de agradecer muito a eles.

O que você fez para se distrair e superar esse tempo todo parado?

Procurei esquecer um pouco o futebol. Como o tratamento era longo, mais de um ano, você tem de esquecer um pouco. No São Paulo não acompanhei tanto os jogos, mesmo fazendo parte dos elencos campeões brasileiros (em 2006 e 2007). Fiquei muito com a família, em casa, e foi aí que peguei força para superar. Ficar um ano parado não é para qualquer um, tive de me apegar a alguma coisa para manter o foco na recuperação.

Hoje você ainda tem algum cuidado especial com o joelho? Entra em qualquer dividida?

Nenhum cuidado especial, estou 100%. E já passou o medo que eu tinha de me machucar de novo, entro em qualquer dividida sem problemas. De 2006 para cá não tive mais nenhuma lesão, apenas um ou outro problema muscular, mas que é normal em jogador de futebol. Tenho 32 anos e muita lenha para queimar ainda. Procuro me cuidar ao máximo para continuar jogando enquanto puder.

Tem alguma mágoa do Cruzeiro, que acabou te dispensando?

Nenhuma, só fiz grandes amigos lá e conquistei títulos. De lá que eu fui para a Seleção, não tenho coisas ruins a dizer. O Cruzeiro é um dos clubes onde mais me senti bem (Maurinho foi dispensado no início de 2009),

Que lembranças você guarda dos tempos de títulos com Santos e Cruzeiro?

Foram dois anos maravilhosos, 2002 e 2003. Participei de duas das melhores equipes do Brasil na época, se não eram as melhores mesmo. Muito bom estar ao lado de grandes jogadores, que facilitavam o nosso trabalho. E no meio de tudo isso ainda teve a passagem pela Seleção, para coroar o momento iluminado (Maurinho disputou a Copa das Confederações de 2003, na França. O Brasil foi eliminado na primeira fase da competição).

Ainda tem contato com alguém dessa época, tanto de Santos quanto de Cruzeiro?

Tenho bastante contato com o Elano, ainda mais agora que ele está de volta ao Brasil. Sempre converso com ele, por telefone ou rádio, e mantenho um contato legal. Também falava bastante com o Alberto, atacante, mas nesse ano ainda não conversamos. Com o Elano é direto, falei com ele antes do carnaval, mas é mais conversa de amigo. Eu pergunto como está lá no Santos, ele pergunta se estou bem por aqui...

E se no meio dessas conversas pintar uma chance de voltar para a Vila Belmiro?

Ah, isso depende muito do trabalho. Tenho primeiro de trabalhar muito aqui. Se abrir uma porta em outro lugar, vamos seguir. O Elano é meu amigo, mas isso não influencia não. Eu tenho primeiro de jogar bem para voltar a sonhar com um clube grande.

Como você pode ajudar o Uberaba a surpreender o Palmeiras?

Além do jogo dentro de campo, procuro ajudar no cotidiano com uma conversa, uma orientação. O pessoal sempre me procura, pergunta alguma coisa. Eu passo muito da minha experiência, mas também aprendo com os mais novos. Contra o Palmeiras teremos dificuldades, claro, eles têm jogadores como Valdivia e Kleber que decidem jogos. Apesar do momento conturbado, temos time para fazer um bom resultado e garantir o jogo de volta em São Paulo.

No Uberaba você já se sente em casa, não é?

Sim, até porque estou do lado de casa. Sou de Fernandópolis, na divisa com Minas Gerais. É perto de Uberaba. Então sou mais mineiro do que paulista. Por isso esse meu jeito tranquilo, calmo. Sempre fui assim, nos bons e maus momentos. Dessa tranquilidade eu não abro mão.

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