quarta-feira, junho 22, 2011

'Rei do Sertão', Durval fala de onde tira sua força: 'É o sangue nordestino'

Durval pode nunca ter lido Euclides da Cunha, mas encarna bem o modelo de nativo descrito em "Os Sertões", obra definitiva do escritor carioca: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte". Nascido em Cruz do Espírito Santo, pequena cidade do interior da Paraíba, a 25 km da capital João Pessoa, Severino dos Ramos Durval da Silva conhece como ninguém no elenco alvinegro as dificuldades do homem da roça.

Esse espírito batalhador, garante o jogador, lhe deu forças para superar os obstáculos da carreira. Com 101 jogos disputados pelo Peixe, o jogador, de 30 anos, nunca ficou afastado por causa de lesão mais grave. Só não atua se for por suspensão ou se o técnico quiser lhe dar uma folga.

- Nunca tive muitos problemas de lesão. Só uma vez, quando jogava no Atlético Paranaense (2005), precisei fazer uma artroscopia (pequena cirurgia no joelho). Mas tirando isso, nunca mais. Me cuido bem, procuro descansar e me alimentar direito. Mas acho que também é pelo meu sangue nordestino. O povo de lá é forte, lutador e não se machuca à toa - afirma o jogador, em entrevista ao Globoesporte.com.

O lado forte do sertanejo ajudou Durval a encarar todo o tipo de dificuldade com cabeça erguida. Até mesmo discriminação por ser nordestino ele sofreu.

- Não vou falar o nome do cara e nem o clube. Mas aconteceu de uma vez um técnico me chamar de paraibano de m... (ele não completa o palavrão), entendeu? Nem lembro o motivo. Não é certo técnico nenhum sair xingando jogador. Principalmente com discriminação. Aquilo me machucou muito. Até hoje penso nisso - conta.

Por causa desse tipo de experiência, Durval se sente um privilegiado. Afirma que as coisas para os nordestinos são sempre mais difíceis. Assim, quando conquista algum objetivo em sua vida, sempre lembra das dificuldades pelas quais passou. É com essa bagagem que ele se prepara para tentar ganhar sua primeira Taça Libertadores. É o xerifão da zaga do Peixe, que tenta nesta quarta-feira, contra o Peñarol, no Pacaembu, o tricampeonato continental.

Em 2005, atuando pelo Atlético-PR, o Rei do Sertão chegou à final, mas o Furacão não conseguiu superar o São Paulo. Para piorar, ele marcou um gol contra no empate em 1 a 1 no Beira-Rio, na primeira partida. Viu sua carreira ruir. Temeu ficar marcado para sempre. Agora, tem a chance da redenção.

- Estou com 30 anos e não sei se ainda vai surgir outra chance para disputar uma final de Libertadores. Então, não pode escapar. Espero que venha logo para apagar o que aconteceu no passado. É isso - encerra Durval.

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